Para entendermos melhor o picacismo devemos saber que este é um sintoma de problemas que poderão ser de origem orgânica como também relativos ao ambiente que rodeia o pássaro e que consequentemente afetará a sua parte psicológica. Neste sentido, quando levar a sua ave ao veterinário, este irá fazer exames a nível da sua fisiologia para descartar outras doenças que provoquem o picacismo. O veterinário terá que avaliar se a lesão é localizada ou generalizada e consoante a avaliação irá determinar se o pássaro estará com parasitas (internos e externos), malnutrido, com deficiente higiene, possuir doenças infeciosas ou até mesmo desequilíbrios hormonais. Se todas estas hipóteses forem descartadas então o picacismo pode mesmo ser resultado de causas ambientais e geralmente esta é a hipótese mais provável.
Para estes pássaros, muitos deles papagaios de grande dimensão, estarem numa gaiola pequena e localizada em lugares com pouca luz natural, pode desde logo provocar stress no pássaro. Como também não estão no seu habitat natural, os pássaros podem começar a ficar “neuróticos” em relação ao seu próprio corpo e penas. O stress nos pássaros surge muitas vezes quando não há possibilidade de fuga perante um agente externo que seja visto como uma ameaça. O medo provocado no pássaro em cativeiro pode levá-lo a começar o picacismo. Outra razão possível para este comportamento poderá ser a ansiedade da separação. Isto acontece quando o papagaio está muito dependente do seu tutor para suprir necessidades emocionais.
No decurso desta sintomatologia, quanto mais danificadas as penas começarem a ficar, ainda será maior a tendência para o pássaro continuar o comportamento de arrancar as suas próprias penas. De certa forma podemos ver o picacismo como um ciclo vicioso e por isso é tão importante começar o tratamento o mais precocemente possível.
O pássaro que sofre de picacismo poderá chegar a um estado muito grave de ficar sem penas no corpo todo, exceto na cabeça que é a zona a onde o bico não chega. Em aves mais pequenas, como é o caso do canário, este problema está geralmente associado a parasitas.
Outras vezes o ato do pássaro arrancar as suas próprias penas nem sempre é considerado um problema, principalmente quando o faz por causas reprodutivas, tirando as suas próprias penas para providenciar calor às suas crias. Também pode acontecer que os criadores deste tipo de aves façam um mau corte nas suas penas de voo, o que levará ao início do picacismo.
Na hora de decidir ter como animal de estimação uma ave exótica há que considerar o seu bem-estar a todos os níveis. Devemos recordar-nos que estes pássaros quando não estão em cativeiro têm modos e formas de estar muito próprios da sua natureza. Neste sentido há que se optar por uma gaiola suficientemente espaçosa colocada num ambiente onde o pássaro possa receber luz solar. Se possível, há que tentar mimetizar o mais possível a liberdade do pássaro, dando-lhe a oportunidade de se afeiçoar a uma divisão da casa onde possa estar livre em alguns momentos do dia.
A ração deverá ser dada em poucas quantidades, mas várias vezes ao dia, para o pássaro sentir que está a ser bem tratado e que não cai no esquecimento dos seus donos. Pode-se optar por deixar dentro da gaiola alguns brinquedos específicos, como baloiços, poleiros de madeira e até mesmo pequenas escadas. Deve-se ter também em atenção à higiene do local onde está o pássaro – este cuidado é muito importante para que o pássaro não desenvolva outras doenças que possam levar ao picacismo.
Não nos devemos esquecer que os animais, tal como as pessoas, desenvolvem problemas a nível psicológico essencialmente porque são negligenciados. Sabermos isto é também uma boa aprendizagem de empatia e socialização para quem quer que deseje ter uma ave exótica. Este é um aspeto da criação de aves exóticas que também poderá ser passado aos mais novos, ensinando que se deve zelar pelo bem-estar dos animais, mesmo quando estão em cativeiro. Afinal de contas, se o animal se sentir feliz no lugar em que está a gaiola deixa de ser um gradeamento para passar a ser um lar.
FOTE: GoldPet